Licenciei-me em Finanças, trabalhei 2 anos na Câmara, tudo perfeito
até dezembro de 2017. Quando comecei a sentir que estava a perder equilíbrio e
com fadiga, mas pensava que era de uma medicação (que ajudava a minha
hipertonia) e da fisioterapia. Estava a tomar uma medicação desde abril de
2017, porque vi na televisão o Dr. Rui Vaz a fazer uma operação inovadora ao
cérebro, para melhorar a vida das pessoas com hipertonia e movimentos
incontornáveis. Pedi á minha mãe para marcar uma consulta com o doutor, pois
queria deixar o andarilho e ser mais livre. Não foi o Doutor que me atendeu,
mas sim uma colega da sua equipa, mandou filmar o meu dia-a-dia e através dos
vídeos disse que não podia fazer a operação, pois era um risco e que estava
muito bem, dentro da paralisia. Mas que deveria tomar uma medicação para a
hipertonia. A minha mãe não queria que eu tomasse essa medicação porque quando
estive em Cuba tomei e esqueci-me de tudo o que tinha aprendido na escola. Mas
comecei a tomar em doses pequenas.
No dia de natal, 24 de dezembro de 2017, assustei-me e
tombei, com o tronco, para cima da cadeira que estava ao meu lado. A partir dai
não me equilibrava muito, nem de joelhos. Na passagem de ano, ainda fui a pé a
um recinto de festa, mas com muita dificuldade e desequilíbrio.
Em janeiro, fui a um médico e disse que era da medicação,
parei com a medicação e continuava a piorar, não conseguia andar e comecei a
andar de cadeira de rodas. Fui á colega do Dr. Rui Vaz, examinou-me e perguntou
se era emoção e se era por causa de algum namorado, ri-me na cara da médica e
disse que não era emoção nem namorado nem nada, não sabia o que era, mas que
tinha algo tinha. Conclusão, receitou-me uns calmantes e antidepressivos, visto
que só chorava e estava deprimida.
Passado 2 semanas fui para as urgências do hospital de Braga,
onde fui vista por quatro neurologistas. Examinaram-me da cabeça aos pés
durante uma hora, não viram nada de especial. Insistiam que era emoção, mais
uma vez ri-me na cara delas e passei-me, a emoção não me paralisava. Queriam
injetar toxina botolinica nas penas, não autorizei, pois não sabiam o que eu
tinha e iam injetar apenas porque sim.
Semanas mais tarde, fui a outro médico que também não
descobriu nada, o tempo a passar e eu a ficar pior, nem conseguia comer
sozinha, nem fazer nada, só mexer a cabeça.
Primeiro que descobrissem o que eu tinha, demoraram 4
messes.
Com o tempo a passar e cansada de não saber o que tinha,
ligamos para a associação que andei fazer fisioterapia em crianças, e pedimos o
contracto do médico neuropediatra que me viu em bebé. Falamos com ele e
marcamos consulta de urgência onde ele se encontrava, Oliveira de Azeméis. Lá
fomos nós, examinou e mandou-me urgentemente fazer uma ressonância ao corpo
todo. Fiz a ressonância em Coimbra numa clínica da sua confiança. No mesmo dia
em que fiz a ressonância, o doutor Luís ligou a dizer que tinha um
estrangulamento medular na C3 e C4 com edema, para ir urgentemente para o
hospital de Braga para ser operada. Só que demoram 29 dias a chamar para a
operação, mais tempo com a medula estrangulada.
A operação foi a 9 de Abril de 2018, felizmente, correu bem.
Estive quase 3 meses à espera para ir para o centro de reabilitação do norte,
porque o médico que me operou e a fisiatra não me mandaram diretamente para o
centro de reabilitação.
No centro de reabilitação do norte estive um mês e meio, sem
melhoras. Os fisioterapeutas não tinham especialidade neurológica, por isso não
recuperei nada. Quando vim do centro de reabilitação fui fazer fisioterapia
para o meu fisioterapeuta normal, porém a especialidade dele era ortopedia.
Com o tempo a passar, o meu fisioterapeuta, em Barcelos, não
se sentia com capacidade para me fazer terapia, tinha que ser uma terapia
especifica.
Uma nossa amiga insistiu para irmos a um fisioterapeuta seu
conhecido. Foi ai que descobrimos que eu deveria ter uma fisioterapia
neurologia e não ortopedia. Indicou-nos uma professora e fisioterapeuta
especializada em neurologia. Fui a uma avaliação e gostei da forma da pouca
terapia que me fez, que tem por base a facilitação de sinergias musculares que
organizam o controlo postural, cujo objetivo no meu caso é organizar a
atividade muscular para que consiga recrutar mais sinergias musculares. Esta
professora universitária tem uma clinica em Braga onde dá formação aos
fisioterapeutas, que por sua vez foram seus alunos, e acompanha os utentes
semanalmente. Estou nesta clinica desde outubro de 2018, a fazer a terapia
neurológica e sinto muito melhor, com mais equilíbrio e já consigo comer
sozinha.
Espero que agora esteja no caminho certo...
O que não entendo é que andei a vida toda a fazer
fisioterapia que não era a correta, pelo contrario era prejudicial para a
medula. Também fui operada á perna, com o intuito de rodar para fora e que
nunca deveria fazer essa operação, pois a culpa de o pé estar virado para
dentro não é do osso mas sim da orientação dos músculos, o que provocou um
encurtamento de 4cm em relação a outra perna.
Os médicos, principalmente a fisiatra, deviam informar que fisioterapia era aconselhável,
não era mandar para o centro de reabilitação do norte que não é
adequado para o meu problema.
Enfim, os utentes é que “sofrem” e são os prejudicados.
1 comentário:
Olá Rita, escreves com o coração. Um beijinho e um chi <3
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