Conheci uma pessoa, que se tornou numa amiga de coração, um
anjo. Trabalhava ao lado do local do trabalho dos meus pais, amizade veio
daqui.
Conhecemo-nos melhor quando tive que ir uma semana para o
trabalho dos meus pais porque não tinha com quem ficar. Aproveitava para ir pró
gabinete dela passar a manhã, pois não gostava de estar na pastelaria a aturar
os clientes, mas ia contra a vontade da minha mãe. Passamos bom momentos
juntas, divertimo-nos imenso.
Tivemos mais intimidade quando fomos de férias juntas, não
estava nada combinado, foi de surpresa. Nesse ano, não fomos de férias com os
meus tios, como era habitual. Fui eu e os meus pais, e levamos também a minha
prima. Quando estávamos no Algarve, ela ligou a perguntar se conseguíamos
arranjar um apartamento para eles, os três. Uma vez que estavam em Lisboa a ver
um jogo de futebol e de caminho passavam alguns dias no Algarve. Como o
apartamento onde estávamos tinha camas para todos, decidimos juntarmos todos.
Assim foi.
Foi as melhores férias da minha vida. Diverti-me imenso,
principalmente com ela.
A praia tinha e tem imensos degraus, praia da Rocha em
Portimão. Por esse motivo, a minha mãe decidiu que só se ia para a praia de
manhã. Mas o que eu queria era ir o dia todo, adoro praia. Como a minha amiga
sabe disso, decidiu que me levava também de tarde, mesmo que os meus pais não
fossem. Deixávamos ir todos à frente e ela levava-me ao meu ritmo, sem correrias
nem stress, muitas vezes às suas costas ao esturro do sol, sem ninguém saber.
Estávamos sempre juntas, íamos ao mar juntas, comia ao seu lado, tomava banho
com ela (a primeira vez tive um pouco de vergonha, mas deixou-me á vontade para
lhe tocar na pele e dar beijos, pois sou muito de toque). Muito fixe, seu filho
como era pequeno, tinha ciúmes.
Em Novembro de 2017, mês em que me senti com fadiga e
fraqueza, a minha amiga descobriu que tinha cancro no pulmão. E mais tarde veio
a descobrir que tinha metástases no corpo todo. Fiquei destroçada e ainda mais
triste e deprimida.
Quando fui operada á coluna foi-me visitar a casa, já com
alguma tosse e cansaço. Dizia-me muitas vezes que não queria morrer, gostava
muito da vida.
Em Outubro\Novembro de 2018 foi internada do IPO, já muito
debilitada e com muita tosse. Pedi à minha mãe para irmos visita-la, o seu
namorado não queria que ninguém a fosse ver, mas eu tinha que vê-la e senti-la,
pressenti que era o seu fim. Consegui, lembro-me como se fosse hoje, quando
entrei no quarto, seus olhos reluziram-se e iluminaram-se. Estava com máscara
de oxigenação, tirou-a e disse: “Ritinha, vieste. Como estás? Obrigada por
teres vindo.”, apertou-me a mão com força. Conversarmos um pouco, insistimos
para jantar alguma coisa, colocou-se a pé para eu a abraçar e beijar, momento
único.
Faleceu no dia 9 de Janeiro, senti e sinto um vazio dentro
de mim e uma tristeza profunda.
Gostava que soubesse que é o meu anjo que está no Céu a
iluminar o meu caminho. Nunca a esquecerei, está sempre no meu pensamento e
coração, amo-a para o resto da vida. Tenho imensas saudades da sua voz, cheiro,
abraços, beijos, toque, pele…
Agradeço por ter cruzado da minha vida atual e desejo
reencontrá-la noutra vida.
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