segunda-feira, 4 de julho de 2016

Gestos que emocionam…

Na visita de estudo de finalistas do 12º ano, á Alemanha, vi uma jovem com deficiência profunda na mesma pousada.
Fiquei espantada quando a vi na parte do refeitório, porque pareceu-me que não estava com os seus pais, estava com professores e colegas, em visita de estudo.
Essa jovem tinha uma deficiência que a deixou como um “vegetal”, não andava, não se mexia, não falava, não comia pela sua própria boca (comia por sonda).

O que mais me espantou foi que todos a acarinhavam e “ajudavam”, um dos adultos alimentava-a e ao mesmo tempo dava-lhe carinho e beijinhos.
Ninguém da minha turma nem professores que me acompanhavam, se aperceberam, olharam mas não deitaram sentido. Por vezes, as pessoas olham espantadas mas não notam nos pormenores, no carinho e na atenção que aquela/s pessoa/s estava/vam a ter perante aquela criança com problemas e em sofrimento, como as pessoas portadoras de deficiência e as suas famílias.

Eu notei e noto nesses pormenores, pois eu era para ter ficado assim. Após o meu nascimento, os médicos disseram aos meus pais qual era o meu diagnóstico, e era do pior, ficaria numa cama sem me mexer nem poder fazer nada (como alimentar-me normalmente, ir á casa-de-banho, falar, entre outras).
Se tivesse nessa situação, também gostava e queria que tratassem bem de mim, que me acarinhassem, que me levassem a passear sem preconceitos, que me colocassem numa escola com meninos da minha idade e normais (porque existem casas próprias para pessoas com problemas graves, mas quem está nessa situação e com o cérebro a funcional normalmente, não gosta de estar nessas casas porque gostamos de conviver com pessoas que não têm deficiência mental, falo por mim).
Não fiquei como essa jovem, porque os meus pais investiram muito em mim, desde os 3 meses de idade, em fisioterapias e terapias ocupacionais intensivas. Foi doloroso nos primeiros anos, pois íamos para um centro de reabilitação em São Roque da Lameira, no Porto e andavam a pesquisar/descobrir coisas novas que me pudessem ajudar a melhorar. Pois quem tem um/a filho/a com deficiência não sabe como lidar com isso e ninguém ajuda os pais a saberem mais sobre o problema do/a seu/sua filho/a, o que não deveria ser assim, os médicos deveriam apoiar e aconselhar os pais nos primeiros anos de vida da criança.

No entanto, achei um ato de generosidade e bondade, por parte dos professores e dos colegas, terem levado aquela jovem a passear e ter saído do seu lar. É muito raro ver-se isso a acontecer. Mas, ainda bem que existem pessoas assim, sem complexos e problemas de “sair” com pessoas “diferentes”.
Há que deixar de existir complexos nem vergonha de nos “mostrar” á sociedade!

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